Ales: violência às escolas no país dispara nos últimos meses

Ales: violência às escolas no país dispara nos últimos meses

A Comissão de Educação debateu, nesta quinta-feira (4), a violência às escolas. A doutora em Educação Telma Pileggi Vinha, pesquisadora de Relações Intersetoriais do Ambiente Escolar da Unicamp, apresentou dados alarmantes. De 2002 a 2023, foram registrados 22 ataques com violência extrema às escolas no país. Nove deles aconteceram entre agosto de 2022 e março de 2023.

Os números integram o estudo “Ataques de Violência Extrema em Escolas no Brasil”, realizado pelo Instituto de Estudos Avançados da Unicamp. Segundo a pesquisadora, crescimento da extrema direita, bullying, falta de escuta e de acolhimento nas escolas e o fácil acesso a grupos violentos na internet são alguns dos fatores apontados no estudo como motivações para o recente crescimento desse tipo de violência no Brasil.

Fotos da reunião da Comissão de Educação

Medidas

Na opinião de Telma Vinha, apesar de medidas de redução de vulnerabilidade nas escolas como botão do pânico e segurança externa serem válidas, o ideal é focar em disponibilização de psicólogos nas instituições de ensino, maior controle de armas de fogo e munições, aprovação de projetos que lei que visam a uma maior regulação e responsabilização das plataformas de redes sociais. Ela também defendeu a instituição de uma cultura de paz, com valorização dos afetos e fomento da sensação de pertencimento nos jovens como instrumentos de desradicalização.

A doutora em Educação alertou para o perigo de se acostumar com os ataques. “A gente não pode jamais naturalizar ataques em escola ou aprender a conviver com isso. Não vamos aprender a conviver com isso. Vamos construir cada vez mais uma sociedade em que nossas escolas não serão atacadas”, pontuou.

O secretário de Estado de Educação, Vitor de Angelo, concordou com a pesquisadora e afirmou que a violência às escolas é um reflexo da sociedade, sendo necessário promover a mudança de cultura:

“A escola não é um universo paralelo. As pessoas estão em famílias que não conseguem sequer dialogar em um grupo de WhatsApp, no Natal os parentes não tocam em determinados assuntos para não dar briga… esse é o mundo em que a gente vive. E – por alguma razão inexplicável – ao cruzar o portão da escola, a gente se transforma em um promotor da paz. Isso não existe”, disse o secretário.

O objetivo da reunião, segundo o presidente da Comissão de Educação deputado Dary Pagung (PSB), – foi “contribuir para o grupo de trabalho instituído na Assembleia Legislativa com o objetivo de propor políticas de prevenção e enfrentamento da violência às instituições de ensino do Estado”.  A criação do grupo foi iniciativa do presidente da Casa, deputado Marcelo Santos (Podemos) e demais parlamentares.

O subsecretário estadual de Comando e Controle, André Silva, informou que o problema tem recebido atenção do Estado por meio de um comitê governamental que inclui, além da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), as pastas estaduais de Educação (Sedu), Direitos Humanos (SEDH), Saúde (Sesa), Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades); a sociedade; a Polícia Federal; a Polícia Rodoviária Federal; o Ministério Público (MPES); e o Poder Judiciário. “É um problema que precisa ser resolvido a muitas mãos”, pontuou Silva.

O subsecretário ressaltou que os trabalhos iniciados agora não vão gerar uma solução imediata. “A prevenção a gente vai começar hoje para colher resultados lá na frente.” O Plano Estadual de Segurança Escolar, apresentado em 27 de abril pelo governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), é composto por cinco eixos: gestão inovadora, ações de inteligência, ações preventivas, fortalecimento operacional, além de ações pedagógicas e psicossociais.

Compuseram a mesa da reunião os deputados Dary Pagung (PSB), Coronel Weliton (PTB), Gandini (Cidadania); Vitor de Angelo, secretário estadual de educação; Telma Pileggi Vinha, pesquisadora da Unicamp; André Silva, subsecretário estadual de Comando e Controle; o prefeito de Aracruz, Dr. Coutinho; o prefeito de Santa Teresa, Kleber Medici da Costa; e o prefeito de Ibatiba e presidente da Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes), Luciano Miranda Salgado.

Reprodução : Ales