Entrevista com o Ilustre C&A: Nós nos dedicamos a levar alimentos aos bairros necessitados da Serra
Antônio Carlos Aprijo
No turbilhão da vida, encontramos pessoas que brilham intensamente e deixam uma marca indelével nos corações dos que têm o privilégio de cruzar seus caminhos. Antônio Carlos Aprijo, se define como um garoto de 48 anos, e é uma dessas almas preciosas, cuja história transcende fronteiras e inspira a todos com sua determinação incansável em tornar o mundo um lugar melhor.
Nascido na pequena cidade de Jaguaré, no interior do Espírito Santo, casado, com Graciane Patrício, destaca a união com muito carinho. Antônio Carlos carrega consigo os valores e a essência da comunidade em que foi moldado. Sua fala pacata e vontade de ajudar o próximo são testemunhos vivos da humildade e gratidão que o acompanham em sua jornada. Apesar dos desafios que a vida lhe apresentou, ele não apenas superou as adversidades, mas também as transformou em oportunidades para impactar positivamente a vida dos outros.
Foi assim que nasceu o projeto social chamado “Corrente do Bem”. Antônio Carlos reuniu um grupo de voluntários dedicados e estabeleceu uma rede de solidariedade que se estende a diversas áreas de necessidade, desde fornecer alimentos a famílias carentes até oferecer apoio emocional e educacional para jovens em situação de vulnerabilidade.
Mas o que realmente cativa sobre Antônio Carlos não é apenas seu compromisso incansável com a filantropia, mas também sua espiritualidade profunda e sua convicção política. Como um homem de fé e seguidor dedicado de Cristo, ele acredita que sua missão é trazer amor e compaixão para aqueles que mais precisam.
Seu posicionamento político também é uma parte essencial de quem ele é. Candidato a vereador, na Serra foi o segundo candidato mais votado em sua região, com 1545 votos, em 2020, mesmo sem muitos investimentos. Para a próxima eleição, Antônio é enfático:
“O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito. Confia ao Senhor as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos. Provérbio 16.0”.
Nesta entrevista Antônio Carlos Aprijo, explica o surgimento do seu projeto e os rumos que pretende seguir
Quem é Antônio Carlos?
Eu sou um menino de 48 anos que cresceu no interior de Jaguaré. Aos 13 anos, decidi deixar minha cidade natal e me aventurar em um lugar desconhecido.
Acabei encontrando moradia no Bairro das Flores, que hoje é conhecido como Feu Rosa. Naquela época, vivi em um simples barraco de madeira. Desde cedo, senti a necessidade de ajudar minha família, então comecei a me envolver em projetos sociais.
Foi nesse momento que percebi como essas iniciativas faziam toda a diferença nos lugares mais negligenciados pelo poder público. Minha experiência em Feu Rosa me mostrou o poder transformador desses projetos. Mais tarde, mudei-me para Castelo Branco, em Cariacica, e mais tarde para a Serra.
Durante minha trajetória, dediquei-me aos estudos e me formei em Direito. Além disso, sou um homem cristão e alinho minhas convicções com a direita política. Tenho a felicidade de ser casado com a Graciane Patrício, e trabalhar assiduamente em meu projeto social.
Pode nos contar um pouco sobre o seu projeto social na Serra, ES? Como ele começou e qual é o objetivo principal?
Tudo começou sem que eu imaginasse. Percebi que algumas pessoas não estavam recebendo o atendimento necessário do poder público, como no caso da falta de fraldas geriátricas. Utilizei, na época, uma rede social, o Orkut e contei com a ajuda de amigos, você começou a arrecadar itens essenciais. Inicialmente, as arrecadações se concentraram em fraldas geriátricas, fraldas infantis e enxovais para gestantes.
No entanto, à medida que o projeto crescia, surgiam novas demandas. Pessoas idosas precisavam de aparelhos para nebulização, enquanto outras que eram acamadas necessitavam de cadeiras de rodas e cadeiras de banho. Com a solidariedade e colaboração de muitas pessoas, uma verdadeira corrente do bem foi formada. Hoje, já entregamos cerca de 400 cadeiras de rodas no Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais.
Quais são as principais atividades ou iniciativas do seu projeto social? Como vocês impactam a comunidade local?
Nós nos dedicamos a levar alimentos para os bairros carentes da Serra. Além disso, valorizamos muito a parte espiritual do nosso trabalho.
Antes de distribuir os alimentos, fazemos orações de agradecimento a Deus, abençoamos as famílias e rezamos especialmente pelas crianças, que são as mais vulneráveis e necessitam de proteção e apoio. Embora eu não saiba ao certo o impacto que estamos causando na comunidade, posso dizer que esse trabalho tem um impacto profundo em mim.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao implementar e desenvolver esse projeto na Serra? E como você os superou?
Um dos meus maiores desafios é lidar com o meio de transporte para o meu projeto.
Trabalho com um Palio e, muitas vezes, enfrento dificuldades ao ter que fazer mais de duas ou três viagens para buscar doações. A manutenção do veículo também é um obstáculo constante, pois todas as despesas relacionadas a um carro, como combustível, IPVA, pneus e revisões, são caras. No entanto, eu encontro forças para superar esses desafios abrindo mão de algumas coisas pessoais, com o objetivo de auxiliar aqueles que precisam.
Quais são os resultados ou conquistas mais significativos que seu projeto social alcançou até agora? Você poderia compartilhar algum exemplo específico de como vocês estão fazendo a diferença na vida das pessoas?
O resultado das minhas conquistas foi transformar a vida de jovens envolvidos no mundo do tráfico. Através de uma parceria com o projeto REMAR BRASIL, tive a oportunidade de levar essas pessoas viciadas para outras cidades, oferecendo uma chance de recomeço.
Fico muito feliz em dizer que consegui resgatar muitos desses jovens, que hoje são policiais, advogados e pessoas que estão reconstruindo suas vidas.
Além disso, também pude ajudar pais de famílias a se recuperarem e encontrarem um novo caminho. Infelizmente, também enfrentei a tristeza de perder alguns jovens ao longo do processo. No entanto, o mais importante é que muitas vidas foram salvas e transformadas para melhor.
Como você envolve a comunidade local no seu projeto? Existe alguma parceria ou colaboração com outras organizações ou instituições da região?
Eu me envolvo ativamente na minha comunidade, trazendo pessoas do próprio bairro, como psicólogos e advogados, para nos ajudar. É uma grande satisfação ver que as pessoas que nos apoiam são todas da nossa própria comunidade. Essa proximidade e colaboração fazem com que as coisas fluam de forma mais harmoniosa e eficiente. Além disso, estabelecemos parcerias com supermercados locais.
Antes dos produtos irem para as prateleiras, recebemos aqueles que estão em perfeito estado para consumo, mas que talvez não estejam visualmente atrativos o suficiente para a venda. Essa parceria nos permite aproveitar esses alimentos e utilizá-los para ajudar aqueles que mais precisam.
Quais são os planos futuros para o seu projeto social na Serra? Existem novas iniciativas ou metas que você espera alcançar nos próximos anos?
Acabei de adquirir um terreno para realizar meu novo projeto: a construção de uma sede. Essa sede será um espaço onde apoiadores e profissionais poderão vir me ajudar a cuidar das pessoas. É uma grande conquista, pois permitirá que nos expandimos nossas atividades e alcancemos mais comunidades necessitadas.
Além disso, um dos meus objetivos é obter um carro com uma carroceria adequada para transportar as doações de forma mais eficiente. Tenho a esperança de que Deus nos abençoe nessa jornada e que possamos encontrar alguém generoso o suficiente para nos doar um caminhãozinho ou uma caminhonete. Isso seria de imenso valor para o trabalho que realizamos.
Como você financia o seu projeto social? Dependem de doações ou recebem algum tipo de apoio governamental ou patrocínio?
A maior dificuldade que enfrento é a falta de patrocinadores e apoio financeiro para o meu projeto. Atualmente, sou eu quem arca com todas as despesas. Este ano, uma pessoa generosa me doou R$ 100,00 para o combustível, e tudo o que consigo economizar é direcionado para o projeto. Houve uma ocasião em que conseguimos doações para ajudar uma igreja que era toda feita de madeirite, mas, infelizmente, ainda não temos ajuda financeira consistente.
Além do impacto direto na comunidade, de que forma você mede o sucesso do seu projeto social? Existem indicadores específicos que você utiliza para avaliar o progresso e a eficácia das suas ações?
Eu considero o nosso projeto um sucesso quando chegamos a uma casa e a encontramos vazia, com pessoas desprovidas de alimentos e sem perspectivas, sem esperança. Nesses momentos, nós nos reunimos para orar e testemunhamos o impacto transformador que causamos.
É gratificante ver uma criança sorrindo, um sorriso no rosto de alguém que estava passando por dificuldades. Mesmo diante das adversidades, como um pai desempregado, proporcionamos a ele a dignidade de receber um alimento.
A eficácia das minhas ações se torna evidente quando estou caminhando pela rua e uma pessoa, muitas vezes desconhecida para mim, expressa sua gratidão por ter matado a sua fome em algum momento.
10) Como as pessoas interessadas em ajudar ou se envolver com o seu projeto social podem contribuir? Existem oportunidades de voluntariado ou doação que você poderia mencionar?
Sim, o projeto realmente precisa de ajuda. Se você desejar contribuir, pode fazer doações por PIX para o número 27 999924241. Cada ajuda é muito bem-vinda e faz uma grande diferença nas vidas das pessoas que atendemos. Além disso, assim que a sede estiver pronta, vamos precisar de voluntários em várias áreas. Serão necessárias pessoas dedicadas e dispostas a oferecer seu tempo e habilidades para apoiar nosso trabalho.
Se você tiver interesse em se voluntariar e ajudar nas atividades, será uma honra contar com sua participação. Outra necessidade importante é a aquisição de um carro maior, que nos permitirá buscar mantimentos em todo o Espírito Santo. Esse veículo será fundamental para expandir nosso alcance e aumentar nossa capacidade de ajudar ainda mais pessoas em situação de vulnerabilidade.
11) Por fim, qual é a mensagem que você gostaria de transmitir para as pessoas sobre a importância de projetos sociais e do trabalho comunitário?
Se Deus me deu um talento, é porque tenho a responsabilidade de retribuir da melhor forma possível. Não devo enterrá-lo, mas sim compartilhá-lo com os outros.
Se sei cantar, devo ensinar alguém a cantar. Se sei tocar um instrumento, devo ensinar alguém a tocar. Se tenho habilidades que possam beneficiar o próximo, devo usá-las em prol daqueles que necessitam.
Pois a recompensa verdadeira vem do Alto, e Deus está atento a cada momento que dedicamos ao serviço dos outros. As dificuldades que as pessoas enfrentam hoje não são ignoradas por Deus. Ele vê cada uma delas, pois o deserto é apenas um lugar de passagem.
Acredito firmemente que as adversidades que encontramos na vida têm o propósito de nos fazer crescer e amadurecer. Embora saiba que amanhã enfrentarei mais desafios, tenho fé que conseguirei superá-los. O fardo pode ser pesado, mas é leve, pois Jesus já carregou o peso mais pesado na cruz. Tenho a convicção de que, assim como Ele, tenho a capacidade de enfrentar tudo o que vier ao meu caminho.