Ales realiza evento para discutir cuidado materno e neonatal

Ales realiza evento para discutir cuidado materno e neonatal

No Dia Mundial da Segurança do Paciente, comemorado nesta sexta-feira (17), a Assembleia Legislativa (Ales) sediou um seminário sobre o tema com participação de profissionais da saúde e pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu como tema da campanha o cuidado materno e neonatal seguro. Durante o seminário, foram debatidas ações de segurança do paciente para redução de riscos e eventos adversos durante os atendimentos, em especial ligados ao pré-natal e ao parto seguro e respeitoso.

A representante da Sociedade Brasileira para Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), Flávia Batista Portugal, alertou que, no mundo, cerca de 830 mulheres morrem por dia de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto. E, em média, 6,7 mil recém-nascidos morrem diariamente.

“A OMS definiu para esse ano o tema cuidado materno e neonatal seguro devido ao impacto que a ausência da assistência ou uma assistência inadequada pode gerar. Além disso, é importante destacar que a violência obstétrica é bastante presente. O cuidado materno ainda está permeado por questões de gênero que precisam ser discutidas”, destacou.

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Impactos da pandemia

Flávia ressaltou que a situação foi agravada pela pandemia de coronavírus, já que, com as medidas de distanciamento, muitas mulheres tiveram dificuldades de procurar o serviço de saúde para realização de pré-natal. “Hoje, a principal ação que pode garantir que a mulher não tenha problemas durante o parto é um pré-natal adequado. Com a pandemia, muitos serviços e a quantidade de atendimentos diminuíram e isso dificultou o acesso das mulheres às medidas capazes de evitar eventos adversos no futuro”.

A representante do Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), Marta Helena Zortea, destacou que o atendimento adequado e o parto seguro a todas as pacientes devem ser garantidos por políticas públicas. “É necessário proporcionar recursos, estruturas e responsabilização para a manutenção efetiva da segurança. Isso passa pela questão da gestão. Não basta apenas ter um profissional de saúde cheio de boa intenção, tem que se trabalhar a política pública para que esses recursos venham para os profissionais e para as pacientes”, frisou.

O seminário sobre o Dia Mundial da Segurança do Paciente foi proposto pelo deputado Gandini (Cidadania). O parlamentar destacou o papel do poder público na garantia da segurança nos atendimentos de saúde. “Essa discussão é muito importante para alcançarmos avanços no controle de mortes evitáveis. No Espírito Santo, por exemplo, 77% das mortes de mães eram evitáveis se tivessem sido tomados os cuidados necessários. A pandemia ocasionou ainda mais problemas desse tipo, por isso o poder público precisa se aproximar desse debate”, concluiu o deputado.

Ao final do seminário, Gandini assinou uma carta-compromisso com medidas de redução da mortalidade materna e neonatal. A carta-compromisso é uma iniciativa da Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso, grupo criado por 50 entidades, entre elas a Sobrasp, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e universidades públicas. O objetivo da aliança é colher assinaturas das autoridades públicas dos poderes legislativos e executivos para que as medidas em defesa do atendimento adequado às gestantes e aos recém-nascidos sejam colocadas em prática no Brasil.
Reprodução: Ales