Proposta do deputado visa proibir nudes criados com inteligência artificial no Espírito Santo

Proposta do deputado visa proibir nudes criados com inteligência artificial no Espírito Santo

Tramita na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) um projeto de lei para proibir, no Estado, a criação de “deep nudes”, conteúdos que compreendem fotos e vídeos de pessoas nuas gerados com inteligência artificial.

Normalmente, este tipo de ferramenta cria o “nude” utilizando uma foto verdadeira do rosto de uma pessoa, sem que ela dê o consentimento para isto.

O texto, apresentado pelo deputado Coronel Weliton (PRD) no início deste mês, busca então proibir “o desenvolvimento, a distribuição, a venda, a promoção ou o uso” de quaisquer softwares, aplicativos, programas ou sistemas de IA que possa ser usado para criar deep nudes.

Também é previsto que os provedores de plataformas digitais implementem medidas para detectar e remover os “nudes falsos” de circulação, além de implementar canais de denúncia para que usuários possam relatar a existência destes conteúdos.

A proposta prevê aplicação de multas, suspensão de atividades comerciais e “outras medidas aplicáveis pelas autoridades competentes” a quem criar, distribuir, vender ou utilizar inteligência artificial para manipular imagens de pessoas nuas.

O autor do projeto alega que a prática de manipular imagens de nudez “tem se tornado uma grave ameaça à privacidade, à honra e à imagem das vítimas, majoritariamente mulheres, que são expostas e humilhadas indevidamente por meio da disseminação dessas imagens em redes sociais e aplicativos de mensagens”.

Segundo o parlamentar, a violação pode causar danos irreparáveis, como transtornos emocionais, difamação e até assédio e extorsão.

Segundo Carlos Frederico Bastos Pereira, advogado e professor ouvido pela reportagem do Folha Vitória, medidas como estas são de competência legislativa da União.

Ele explica que “apenas a União pode criar novos tipos penais (ou seja, novos crimes), não cabendo essa atribuição aos Estados”.

Reforçando o entendimento de que a matéria deve ser tratada nacionalmente, tramita na Câmara dos Deputados um projeto para incluir no Código Penal a produção e divulgação de conteúdos de nudez gerados por inteligência artificial.

O texto da deputada federal Amanda Gentil (PP-MA) prevê reclusão de dois a seis anos e multa. A pena ainda pode ser aumentada se a vítima for mulher ou se o conteúdo for disseminado em massa por meio de redes sociais.

Apresentada em outubro de 2024, a proposta será analisada pelas comissões de Defesa dos Direitos da Mulher e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois, será votado em plenário e, se aprovada, segue para discussão no Senado.

(Fonte: Folha Vitória. Foto: Lucas S. Costa / Ales)